Preto Velho, ou Pai Preto e Pai Velho
- Patrick Leitão
- 16 de mai.
- 3 min de leitura
Filosofia do Oculto

A linha de Preto velho, na Umbanda, são entidades que se apresentam estereotipados como anciãos negros conhecedores profundos da magia Divina e manipulação de ervas, o qual aplicam frequentemente em sua atuação na Umbanda, porém no Candomblé são considerados Eguns.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro (período de trevas no território brasileiro), a linha de preto velho reflete a humildade, a paciência e a perseverança característica da atuação da linha nominada de Yorima, cujo apresenta-se de pés no chão, cachimbo de barro bem rústico, quando não cigarro de palha, café, e um fio de contas de rosários (Lágrima de Nossa Senhora) e cruzes, figas e patuás os quais utilizam magisticamente em sua atuação astral.
Os pretos velhos apresentam-se com nomes de individualizam sua atuação, do Congo, de Angola, evidenciando sua atuação propriamente dita e procedência.
Em sua linha de atuação eles apresentam-se pelos seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram:
• Congo - Ex: (Pai Francisco do Congo), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã;
• Aruanda - Ex: (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá. (OBS: Aruanda quer dizer céu);
• D´Angola - Ex: (Pai Francisco D´Angola), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum;
• Matas - Ex: (Pai Francisco das Matas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi;
• Calunga, Cemitério ou das Almas - Ex: (Pai Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê. Entre diversas outras nominações tais como: Guiné, Moçambique, da Serra, da Bahia, etc...
Muitos Pretos velhos podem apresentar-se como Tio, Tia, Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Pretos velhos. Na gira eles só comem tutu, café sem açúcar, manjar, bolo de fubá, doce de abóbora, mandioca, arroz doce, bolo de milho, pamonha, cural e etc. Alguns tomam chá, com folhas específicas da linha de pretos velhos, outro tomam vinho tinto (sangue de Cristo).
"AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO"
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, fumando o seu cachimbo um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e... Foram sete.
• A Primeira... A estes indiferentes que vem no Terreiro em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber;
• A Segunda... A esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam;
• A Terceira... Aos maus, aqueles que somente procuram a umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar ao semelhante;
• A Quarta... Aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão;
• A Quinta... Chega suave, tem o sorriso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem seu semblantes verão escrito: creio na Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se resolverem o meu caso ou me curarem disto ou daquilo;
• A Sexta... Aos fúteis, que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchego, conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente;
• A Sétima... Como foi grande e como deslizou pesada! Foi à última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Aos médiuns vaidosos (as), que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.
OISA - Casa de OGY - Cotia - SP
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