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Isis Sem Véu – Constituição da Alma - Senhora da Luz Velada

  • Foto do escritor: Patrick Leitão
    Patrick Leitão
  • 20 de jun.
  • 5 min de leitura
Estatua azul representando Isis amamentando seu filho Horus.

1 – HORUS:

Tu me destes explicações admiráveis, ó minha poderosa mãe Ísis, sobre a maravilhoso criação das almas por Deus! Estou cheio de admiração, mas ainda não me ensinaste para onde vão as almas quando eles desprendem dos corpos. Quero comtemplar também esse mistério e poder agradecer apenas a ti por esta iniciação.


2 – ÍSIS:

Ouça bem – meu filho, pois essa investigação é muito necessária.


3 - Eis minha resposta: o que tem consistência e não é aniquilado ocupa um lugar. O grande e maravilhoso rebento do grande Osíris! Não é verdade que, quando as almas saem dos corpos, elas se espalham confusamente no sopro do vento e se dispersa no conjunto do sopro infinito. Também não é verdade que, depois não podem voltar aos corpos nem retornar a seu lugar original, como se fosse algo semelhante ao que ocorreu quando jogamos fora a água de um vaso e ela deixa de ter um lugar especifico para misturar-se em uma massa da água.


4 - Não ocorre o mesmo com as almas, ó magnânimo Horus.

Como sou iniciada nos mistérios da Natureza Imortal e como percorri as pradarias da Verdade, eu te revelarei a natureza dessas coisas em detalhes. Primeiro, eu te revelarei que água é um corpo sem Razão, composto de grande quantidade de partículas fluidas, enquanto a alma, meu filho, tem uma natureza singular, é uma obra régia, proveniente das Mãos e da Inteligência de Deus, sendo que ela mesma é guiada por suas próprias luzes, e está voltada para a Inteligência. Ora, o que é constituída por uma substância única e não comporta elementos estranhos não pode misturar-se com uma coisa diferente. A partir disso também é necessário concluir que a união da alma e do corpo é um ajuste reciproco, resultante de impulso divino.


5 – Portanto, as almas não retornam confusamente e ao acaso a um só e mesmo lugar, nem se espalham ao acaso: cada uma é enviada ao lugar que lhe é próprio. Isso também é o resultado daquilo que ela viveu quando ainda estava no corpo, carregada de um peso contrário à sua natureza.


6 – Ouça esta comparação, amado Hórus: suponha que aprisionemos na mesma prisão seres humanos, águias, pombas, cisnes, borboletas, macacos, moscas, serpentes, leões, leopardos, lobos, cães, lebres, touros, ovelhas, e também alguns animais anfíbios, como focas, as hidras, as tartarugas e os crocodilos; e que depois todos sejam colocados em liberdade no mesmo instante!


7 – Todos escaparão ao mesmo tempo: os seres humanos irão às casas e às praças públicas; as águias, ao éter, onde sua natureza a leva a viver; as pombas ao ar próximo; os gaviões, ao ar superior; as borboletas, aos lugares habitados pelos seres humanos; os macacos, às árvores frutíferas; os cisnes, aos lugares onde poderão cantar; as moscas à proximidade da terra, até onde o cheiro dos seres humanos chega, pois é próprio da mosca viver do ser humano e voar perto da terra; os leões e os leopardos, às montanhas; os lobos, à solidão; os cães seguirão as pistas dos seres humanos; as lebres irão aos bosques; os bois irão aos campos e às pradarias; as ovelhas, às pastagens; as serpentes, às cavernas da Terra; as focas e as tartarugas irão se juntar a seus semelhantes nos poços e nas correntes marinhas, para desfrutar, conforme sua natureza, a vizinhança da terra e a da água. Cada animal voltará, conduzido por seu discernimento interior, ao lugar que lhe convém.


8 – Do mesmo modo, cada alma – quer ela seja humana ou habitante da Terra em outras formas – já sabe onde deve ir, a menos que algum filho de Tifon venha dizer que um touro pode viver no fundo das águas ou uma tartaruga nos ares. Portanto, mesmo que elas estejam mergulhadas na carne e no sangue, não fazem nada contrário às regras. Ainda que estejam sendo punidas – pois a união ao corpo é uma punição –, quanto mais elas se alegrarão quando se libertarem de suas correntes e voltarem à liberdade que lhes é própria.


9 – Ora, eis qual é essa regra santíssima, que se estende até o Céu, Ilustríssimo filho: contempla a hierarquia das almas. O espaço entre o ápice do Céu e a Lua é ocupado pelos deuses, os astros e o restante da Providência. Entre a Lua e nós, meu filho, está a morada das almas.


10 – Essa vasta extensão de ar tem nela mesma uma saída que costumamos chamar de ‘vento’ e que é um espaço próprio no qual o ar se move para o refrigério das coisas terrestres, como mostrarei em outro momento. No entanto, esse movimento do ar sobre si mesmo não incomoda em nada as almas e não as impede de subir e descer sem obstáculos. Elas correm através do AR sem se misturar e sem se confundir com ele, como água através do óleo.


11 – Esse espaço, meu filho, comporta quatro divisões gerais e sessenta subdivisões. Das quatro divisões, a primeira parte, a partir da terra, compreende quatro regiões e estende-se até certos cumes e promontórios acima dos quais sua natureza a impede de se elevar. A segunda parte compreende oito regiões, nas quais se produzem os movimentos dos ventos. (Fique atento, meu filho, pois ouvindo os mistérios inefáveis da terra, do céu e de toda região do AR, do sopro sagrado intermediário.) É na região dos ventos que voam os pássaros, pois acima dessa região não há AR móvel e não há nenhum animal. No entanto, esse AR tem o privilégio de estender-se com todos os seus animais nas regiões que lhes são próprias e nas quatro regiões da Terra, enquanto que a Terra não pode se elevar àquelas oito regiões do AR.


12 – A terceira parte compreende dezesseis regiões e está repleta de AR sutil e puro. A quarta compreende trinta e duas regiões, nas quais o AR é mais sutil e o mais transparente, formando, em seu limite superior, a fronteira com os Céus Superiores, que são ígneos por natureza.


13 – Tal é a ordem estabelecida em linha direta de alto a baixo sem confusão. Desse modo, há quatro divisões gerais, doze intervalos, sessenta regiões. Nessas sessenta regiões habitam as almas, cada uma conforme a natureza que lhe é própria. Elas têm todas a mesma constituição, mas há entre elas uma hierarquia. Quanto mais uma região está distante da TERRA, mais as almas que a habitam são elevadas e dignas.


14 – Resta-me explicar-te, gloriosíssimo Horus, quais são as almas que se vão para cada uma dessas regiões – o que farei começando pelas mais elevadas.


*Filho de Gaia e de Tártaro, Tifon é uma divindade malfazeja, é um titã causador das tempestades e ventos fortes. É identificado aos deuses egípcios Set, inimigo de Osíris, e a Apep, a serpente gigante. A Serpente Cósmica ou as Três Serpentes Primordiais, a divindade que representa o mal ontológico e a obscuridade, que combate o deus Rá (o deus solar criador) no início de cada noite e busca sempre aniquilar a criação divina.


Corpus Hermeticum – Thot e Hermes Trismegisto

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