Raízes Ameríndias da Umbanda
- Patrick Leitão
- 25 de jun.
- 3 min de leitura

Apresenta-se dividido em sete Reinos: Vajucá, Tigre, Canidé, Urubá, Juramal, Josafá e Fundo do Mar.
Seus principais espíritos-chefes são índios: Itapuã, Tupã, Xaramundy, Mussurana, Iracema, Turuatã, as “Moças D’Águas” e já, também, alguns espíritos de “catimbozeiros” célebres de descendência africana.
Pois foi para esta religião basicamente indígena que entrou o negro ou seu descendente no Nordeste, especialmente se de origem Bantu, por encontrar na “Pajelança” e no “Catimbó” cerimônias até certo ponto análogas às de seus antepassados africanos; aceitaram-na, sobretudo, em termos de “cultos aos mortos”, pois os “Payés” comunicavam-se com o além, terra dos seus antepassados, através das “cunhãs” e o poder de seus “Mbaracas”.
Enganam-se os que pensam que os Candomblés africanos, os Xangôs, os Candomblés da Angola, Bantu e os Batuques de hoje sejam seitas religiosas que mergulham suas raízes no passado longínquo do Brasil.
Não! Elas são organizações transplantadas e/ou reinterpretadas em datas mais recentes, remontando aos séculos XVIII e começo do século XIX.
O passado indígena do Brasil na mítica “Terra de Pindorama” foram os rituais de “Tuyabaé-Cuaá”, o culto dos Caboclos Encantados, o Catimbó, o Candomblé de Caboclo e a Macumba urbana.
A verdade foi que, a partir do final do século XVIII, o prestígio aos atos ritualísticos e litúrgicos dos cultos yorubás ou nagôs impôs-se, finalmente, sobre todas as formas de culto em que participassem majoritariamente o negro e seus descendentes.
Os cultos de origens indígenas e também os cultos de nação Bantu, Congo e Angola começaram a ser submetidos, mormente na Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco, às normas ritualísticas do Candomblé africano de nação yorubá ou nagô. E é desta simbiose que surge o “Candomblé de Caboclo”.
Mesmo dentro desta hegemonia nagô, “Candomblé de Caboclo”, ao lado de Oxalá pontifica Tupã; ao lado de Yemanjá ressurge Janaína; ao lado de Ogum combate Cariri; ao lado de Oxóssi ocorre o Sultão das Matas; ao lado de Exú reina o Caipora. E junto com os Babás e Eguns estão os Caboclos Tupinambás, Tupiará, Jaú, Irerê, Pedra Negra e outros mais.
Na caminhada deste reflorescimento espiritual indígena, existem centenas de outros agrupamentos religiosos sincretizados e miscigenados que, empobrecidos pelo processo crescente de urbanização e valores dos aluguéis, desvinculados de suas raízes regionais pela migração interna, empobrecidos pelo desemprego e subemprego de seus fiéis, incapazes de sustentar as despesas dos ritos segundo os moldes nagôs, embora não abandonem totalmente suas práticas ritualísticas indígenas e africanas, deixam-se atrair pela simplicidade dúbia dos moldes da Doutrina Espírita Kardecista e pela relativa projeção social do sincretismo com o catolicismo.
E desse conjunto de circunstâncias adversas e confusas surge, paralelamente aos outros cultos, a “Macumba Urbana”.
Apesar desta inexorável e inevitável perda de valores culturais e iniciáticos da raça indígena primeva, em todas essas novas formas de manifestações espirituais está impressa a marca indelével da sabedoria dos velhos pajés, o “Tuyabaé-Cuaá”, e o desesperado anseio de sobrevivência, liberdade e nacionalismo do indígena brasileiro em sua terra ancestral de Pindorama.
Mesmo que sua raça tenha sido dizimada e infantilizada pelos invasores brancos, este desesperado anseio de conseguir preservar, bem ou mal, seus conceitos religiosos como:
o de Deus Único (Tupã),
o do Messias Civilizador (Yurupári),
o culto da Cruz Sagrada (Curuçá),
o da Trindade Manifestadora do Poder Divino (Guaracy, Yacy e Rudá),
o culto dos Antepassados (Ráangá),
o rito da Mediunidade (Guayú),
o uso de sua linguagem sagrada (Nheegatú),
a sabedoria dos velhos pajés (Tuyabaé-Cuaá),
... conceitos religiosos estes que sobreviveram justamente porque não eram uma invenção recente de uma “tribo” indígena do “Novo Mundo”.
É a este conjunto de conceitos religiosos da Primeira Raça Humana, preservado pelos antigos Tupi-Guaranis e seus sofridos descendentes, que denominamos de Raiz Ameríndia da Umbanda.
Ivan H. da Costa – Mestre Itaoman Roger BastideNina Rodrigues




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