Exú Bará – Senhor do Corpo
- Patrick Leitão
- 7 de jul.
- 2 min de leitura
Sabedoria dos Yorubás

“Se cada coisa e cada ser não tivessem seu próprio Exú em seu corpo, não poderia existir, pois não saberiam se estariam vivos.”
Imolê Exú, na qualidade de Bará – Senhor do Corpo, deve ser o primeiro a receber o sangue animal, elemento primordial à existência, como diz o credo Yoruba. Por tudo isso, fazemos nossas as palavras de William Bascun (1969) sobre a pretensa ‘malignidade’ de Exú Imolê, inexistente no credo Yoruba:
“A sua atuação ao proceder às entregas de sacrifícios a Deus (Olôrun), dificilmente é compatível ou coerente com sua identificação com ‘Satã’ pelos católicos (cristãos) e muçulmanos, o que só pode ser explicado pelo malogro em se achar o equivalente do ‘diabo’ ao credo Yoruba.”
Como já falamos antes, foi uma ação repressiva dos catequistas europeus e latino-americanos sobre os escravos e seus descendentes que forçou um sincretismo, adulterando a visão de Imolê Exú ao associá-lo ao ‘diabo’ católico em sua forma mais medieval, sob o pretexto de reprimir o seu aspecto ‘erótico’ e ‘cruel’.
De fato, mesmo em face à situação irregular dos suicídios, os Yorubas têm provações experimentadas aqui mesmo nesta Terra ou pela falta de retorno a ela. Assim, a ideia de um “Êxú” essencialmente tenebroso e mau é uma contrafação sincrética com o ‘diabo’ católico das religiões, forçada e imposta pela escravidão e, consequentemente, gerando perdas de valores iniciatórios das religiões africanas no Brasil, mas que nunca existiu na África em tempo algum.
Muito embora, nas lendas populares, Imolê Exú passasse a ser conhecido como ‘manhoso’, ‘trapaceiro’ e notoriamente ‘encrenqueiro’, mormente se não for ‘apaziguado’ por seu Ebo, a sua suposta imagem de malignidade decorre, na verdade, de ele ter o importante papel de Executor Divino, punindo aqueles que descumprem o sacrifício prescrito para eles, mas recompensando aqueles que o fazem.
Ele nada faz por conta própria, servindo fielmente a Olôrun e Ôrumilá Orixá. Também os Orixás e as Ebora podem convocá-lo para se utilizar da variedade de punições postas sob o seu comando. E isto porque, com intensa sabedoria, o Credo Yorubá prega que Órixá algum pune diretamente seus ‘filhos’, mesmo os transviados, os transgressores e os ofensores: esta função é de Imolê Exú.
Continua…
Ivan H. da Costa – Mestre Itaoman
Nina Ribeiro
Roger Bastide
Joana dos Santos Prandi
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