A Queda do Reino Espiritual

Percebemos, dentro de nossa Alma, a grande e terrível queda dos nossos primeiros Pais-Ancestrais. Isso fez com que ela tenha entrado no espírito deste mundo, numa morada estrangeira, e tenha abandonado a Luz Divina na qual ela era um anjo e um filho de Deus. É por isso que ela tem de passar por um novo nascimento na vida de Deus, saindo do espírito das estrelas e dos elementos.

Mas, como a Alma não conseguia fazer isso, a vida divina veio até nós, saindo do amor e da graça até a carne, e abrigou de novo em si nossa alma humana na vida divina e na força da Luz, a fim de que possamos, em um novo nascimento nessa mesma vida (divina), se penetre até Deus.

É que, assim como aconteceu com Adão, nós fomos postos para fora da vida divina, e nos engendramos e herdamos todo o mau suco da alma de nossos Ancestrais, como de uma fonte. Assim também, a vida de Deus em Cristo engendrou-nos de novo, a fim de que, na vida crística possamos entrar na vida divina.

É por essa razão que agora nossa alma está no laço eterno original (Ou na raiz da Natureza eterna), infectada pelo espírito deste mundo e aprisionada na vida do fogo eterno ou da Natureza eterna por meio da cólera do original. É por isso que devemos todos, cada um por própria conta, fazer a iniciação de nossa alma na vida crística, em direção a Deus, no novo nascimento, na vida e no Espírito de Cristo.

E aqui não há nada a retirar da hipocrisia da santidade exterior nem das próprias obras meritórias, pois a pobre alma não pode ser aliviada, a menos que em Si Mesmo ou em uma vontade novamente criada, entre com uma firme resolução na vida crística. Nessa vida crística ela é recebida por Deus e Seus filhos no segundo princípio com grandes honras.

A ela dada o nobre querido tesouro, ou a luz da vida eterna, que ilumina a fonte do fogo da alma no primeiro princípio (O laço ou aliança eterna), onde ela instala eternamente com sua essência substancial e espiritual.

Sua angústia muda-se em amor, e sua elevação e sua inflamação, que são as verdadeiras propriedades do fogo, tornam-na uma humilde e amável alegria nas doces deliciais.

Jacob Boehme