Magia: Dos Quatro Elementos, Suas Qualidades e Misturas Múltiplas
- Patrick Leitão
- 13 de ago.
- 3 min de leitura
Mistérios do Mundo Criado pelo Demiurgo

“E essa é a raiz e a fundação de todos os corpos, natureza, virtudes e obras maravilhosas; e aquele que souber essas qualidades dos elementos e sua mistura terá facilidade para fazer coisas maravilhosas e surpreendentes, perfeito na Magia.”
Existem quatro elementos — base original de todas as coisas corpóreas: Fogo, Terra, Água e Ar — dos quais todos os corpos inferiores são compostos; não por meio de um acúmulo de todos eles, mas pela transmutação e união.
Quando são destruídos, decompõem-se nos elementos, pois nenhum dos elementos sensíveis é puro; todos são mais ou menos mistos e passíveis de se transformar uns nos outros.
A Terra, por exemplo, fica mole, dissolve-se e vira água, para depois endurecer e espessar-se, tornando-se terra novamente. Se, no entanto, como a água, ela evapora por ação do calor, passa para o ar, que, sendo alimentado, passa para o fogo. Este, ao se extinguir, retorna mais uma vez ao ar, mas, resfriando-se após o retorno, torna-se terra, ou pedra, ou enxofre. Isso se manifesta pelo relâmpago — que, junto com o trovão, é acompanhado de um forte cheiro de enxofre, e cuja luz é de aparência sulfúrea.
Platão também tinha esta opinião: que a Terra era totalmente mutável e que os outros elementos se transformavam uns nos outros sucessivamente.
Mas, na opinião dos mais sutis filósofos, a Terra não é mudada, apenas abrandada e misturada com outros elementos que não a dissolvem, retornando ao que era.
Ora, cada um dos elementos tem duas qualidades especiais: a primeira é reter a própria identidade; a segunda é servir como meio de aceitar o que vem depois de si. Assim, o fogo é quente e seco; a terra, seca e fria; a água, fria e úmida; e o ar, úmido e quente.
Nesse sentido, os elementos se contrapõem em algumas qualidades: alguns são pesados, como terra e água; outros são leves, como ar e fogo. Os estóicos chamavam os primeiros de passivos e os dois últimos de ativos.
Platão, entretanto, faz outra distinção, atribuindo a cada elemento três qualidades: ao fogo, brilho, finura e movimento; à terra, escuridão, espessura e quietude. Nos contrários, fogo e terra se opõem totalmente. O ar recebe duas qualidades do fogo (finura e movimento) e uma da terra (escuridão).
Do mesmo modo, a água recebe duas qualidades da terra (escuridão e espessura) e uma do fogo (movimento). Mas o fogo é duas vezes mais fino que o ar, três vezes mais móvel que a água; e a água é duas vezes mais brilhante que a terra, três vezes mais espessa e quatro vezes mais móvel.
Assim, como o fogo está para a água e a água para a terra, também a água está para o ar e o ar para a terra.
E essa é a raiz e a fundação de todos os corpos, natureza, virtudes e obras maravilhosas; e aquele que souber essas qualidades dos elementos e sua mistura terá facilidade para fazer coisas surpreendentes e perfeitas na Magia.
Cornélio Agrippa – Sábio Hiperbóreo
*Notas sobre Platão
Platão afirma que a água, por condensação, torna-se pedra e terra; e, quando derretida e dispersa, vira vapor e passa para o ar.
O ar, quando inflamado, torna-se fogo; e este, ao se comprimir, flui de volta à água, de onde vêm terra e pedra novamente. Assim, as gerações se transmitem de um elemento a outro.
No entanto, Platão corrige a suposição de que todos os quatro elementos se geram mutuamente. Segundo ele, eles derivam de triângulos fundamentais: três (fogo, ar e água) vêm de triângulos de lados desiguais, enquanto apenas a terra se forma de triângulos equiláteros.
Por isso, três elementos podem ser resolvidos e compostos entre si, mas a terra mantém sua estrutura única, retornando sempre à sua forma original.




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