As Naturezas dos Obssessores

De que natureza são os "espíritos" obsessores? Para responder a esta pergunta, deveríamos estudar cuidadosamente os estados post mortem. Para o que aqui nos propomos, basta dizer que os nossos estudos vão demonstrar que tais estados são muito diferentes, de acordo com o estado evolutivo alcançado pelas pessoas durante a sua existência.

De acordo com nossas experiências, os restos astrais dos mortos existem, na sua grande maioria, no plano astral e em um estado onírico semiconsciente; não merecem ser denominados "espíritos", depois que o princípio espiritual os abandonou.

Esses seres astrais, despojados de razão e instintivamente agarrados à vida terrestre, podem tomar posse de indivíduos sensíveis que não possuem domínio suficiente sobre si mesmos. Isto pode acontecer sem que voluntariamente se proponham, ou mesmo sem estarem cientes disso; alguns são cegamente atraídos, enquanto que outros podem haver, de natureza mais inteligente do comum, aqueles que morreram prematuramente por suicídio ou acidente, estando ainda cheios de paixões e desejos terrenos que tomem conscientemente posse de pessoas médiunicas, a fim de satisfazer seus desejos pessoais.

Deste tipo de indivíduos surgem especialmente as obsessões demoníacas cujo objetivo é a vingança ou algum fim maligno; no entanto, há também outras "entidades" ligadas a estes fatos, cuja descrição será encontrada nos livros de místicos e ocultistas. Essas "entidades" correspondem aos Principados e Poderes das Trevas que a Bíblia menciona; também a certos espíritos elementares da natureza, sobre os quais a ciência moderna nada sabe. Não vamos tentar descrevê-los aqui. Quem estiver curioso para saber algo sobre isso, pode ler o que Bulwer Lytton descreve no seu romance Zanoni. Embora esta obra seja ficção, contém verdades realmente insuspeitas.

Há também outro tipo de obsessão produzida pelos espíritos de pessoas vivas. Tornou-se algo muito comum e geralmente é chamado de "hipnotismo". Nesses casos, a pessoa passiva é obcecada pela vontade, pensamento e consciência do operador. A pessoa hipnotizada perde a razão e o domínio de si mesma, e se essas experiências se repetirem com frequência, pode tornar-se permanentemente vítima desta estranha influência, com este resultado: demência crônica.

O resultado, em última análise, será o mesmo, quer o indivíduo tenha sido obcecado por algum estado irregular de consciência ou por um "elemental" que ele próprio criou, por exemplo, com a megalomania, mania de perseguição, algum outro produto de uma imaginação mórbida, ou porque a obsessão é produto de alguma influência estranha.

Isso nos faz dar mais um passo em direção ao estudo da "Magia Negra" e da feitiçaria, da qual o "Hipnotismo" é o começo. A mera "sugestão", em circunstâncias comuns e correntes, nem sempre pode ser chamada de "Magia", porque nesses casos a pessoa que recebe a sugestão pode ainda ter capacidade para julgar se a aceitará ou não e se a seguirá; mas o caso é diferente se a sugestão for feita em estado hipnótico, quando a razão está ausente. Essas interferências com o karma de uma pessoa podem ser extremamente objetáveis.

No que se chama apropriadamente "feitiçaria", o corpo astral do operador pode realmente tomar posse da sua vítima ou prever que outro ser astral tome posse dela. As formas criadas pelo pensamento e robustecidas pela força da vontade são tão reais quanto qualquer outro ser; estão associadas aos respectivos elementos do plano astral e, dessa forma, pode-se criar e desenvolver-se, para o bem ou para o mal, um ser consciente de si mesmo que aja sozinho e seja dotado de inteligência.

Se o pensamento que projetamos para uma pessoa está imbuído de energia espiritual, enviamos-lhe um anjo auxiliar; mas se o nosso pensamento está cheio de ódio, por mais espiritual que seja essa energia, enviamos-lhe um demônio. Felizmente, nem todos têm essa força espiritual; se assim não fosse, porque as más tendências são, entre os seres humanos, mais comuns do que as más, o nosso mundo logo se tornaria um caos no qual a Magia Negra pretaria.

As emanações da mente, que a vontade espiritual leva através do espaço, são mais poderosas do que as ações do corpo. A energia mental governa o mundo, e as perturbações mentais não só podem causar ataques de epilepsia em algum indivíduo, mas também distúrbios dentro da crosta do nosso planeta. Isso também não parecerá incompreensível para aqueles que estudaram como as forças interagem nos diferentes planos que constituem o nosso mundo. A Lei de Indução atua em todos os planos; consequentemente, doenças mentais, estados passionais, loucura moral e intelectual, superstições e dogmatismos são contagiosos.

Franz Hartmann, Metafísica e Medicina.